É chegado o mês de dezembro e com ele, infelizmente, o finalzinho da safra das mangabas no estado de Minas Gerais. Mas esse precioso fruto, felizmente, está presente em outras regiões do Brasil e com outros períodos de safra!
A mangabeira é uma árvore de até 7 m de altura, troncos retorcidos que soltam látex, lindas e perfumadas flores brancas e que dá os seus suculentos frutos na cor amarela com rajados vermelho-laranja, de até 6 cm de comprimento. Presente de norte a sul do país, desde o Amapá até São Paulo, em áreas de Cerrado e restingas no litoral, a mangaba, no entanto, é um fruto subvalorizado em nossa cultura nacional, pouco beneficiado e raramente visto em mercados, se comparado a outros frutos.
No entanto dessa incrível árvore se aproveita tudo! De suas folhas se faz chá para cólicas menstruais, do látex se faz borracha (outrora muito explorada no Nordeste) e se usa na medicina popular contra problemas de gastrite e tuberculose, e seus frutos são, desde antes da chegada dos portugueses no país, usados na alimentação.
E não por acaso seu nome vem do tupi e significa “coisa boa de comer”. Realmente, é uma das frutas mais deliciosas que existem no Brasil: tem sabor meio doce, meio ácido, polpa na cor creme com textura macia que desmancha na boca…quem já provou sabe exatamente do prazer de comer mangaba que estou falando. É um fruto também muito nutritivo: rico em vitamina C, ferro e cálcio.
Geralmente se encontra da mangaba entre outubro a abril, dependendo da região. Aqui em Minas encontramos apenas de outubro a dezembro, enquanto que no Nordeste é possível encontrar até abril! Não é a toa que por lá a fruta goze de bastante popularidade. Imagine só que o maior estado produtor de mangabas é o Sergipe, sendo a mangabeira inclusive considerada como árvore símbolo do estado! Por lá o extrativismo do fruto tem longo histórico e, recentemente conta também com um Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM), atividade majoritariamente praticada por mulheres, responsável por pensar nos rumos da atividade de coleta e processamento da mangaba. Por lá é possível encontrar da polpa congelada, sorvete, suco, geleia, doce, compota….Mas não é só no Nordeste que a mangaba é valorizada: na região do Triângulo Mineiro e em Goiás pode-se perceber a presença forte dela por lá. Como exemplo, temos a Festa da Mangaba na comunidade de Muquém em Niquelândia-GO, que chegou este ano a sua 9ª edição, e em Araxá a produção de um doce difícilimo de fazer: a compota de mangaba, pelo Doces Cecília.
Em Belo Horizonte aparece todo ano entre outubro e novembro em algumas bancas do Mercado Central e arredores, quando muito, e acaba rapidamente, porque quem conhece e veio do interior pra morar na capital sempre compra dela. Em BH também temos uma bela referência à mangaba que é o bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul da cidade.
Mas, para quem ainda não está muito habituado com a fruta, deve se perguntar como se escolhe, consome e usa a mangaba em outras preparações. É o que te conto nesse artigo!
Pra começo de conversa, a mangaba deve ou ser colhida “de vez” no pé ou colhida do chão, quando amadurece naturalmente. Mangabas muito verdes não vão amadurecer, e portanto não servem para nada, infelizmente. Como saber se a mangaba está verde? Além da cor, se estiverem muito firmes e soltarem muito látex quando cortadas, como podem ver na foto abaixo, uma comparação do fruto verde e maduro.
O fruto maduro, como podem ver, além de estar amarelado, tem pequenos rajados vermelho-alaranjados.
Quando maduros, pode-se comer in natura, apenas descascando o fruto e chupando. Ou pode-se retirar sua polpa espremendo-a em uma peneira de furos grandes. Dessa polpa se aproveita para fazer sucos, geleias, doces, sorvetes, licor, vinagre, etc. Só a compota que é feita com o fruto inteiro em um processo trabalhoso, que envolve fazer furos nos frutos para a saída do látex e troca constante da água por 2 dias.
Na Jaca Verde PANC, meu projeto / empreendimento, testamos o suco de mangaba na fermentação, juntando ele com a kombucha para gaseificar.
E você, como conhece a mangaba e seus usos? Deixe abaixo seu comentário!
Nota: todas as fotos do artigo são de autoria de Lucas Mourão/Jaca Verde PANC. Se deseja usá-las favor colocar os créditos.
2 pensamentos em “Mangaba, um sabor brasileiro marginalizado”
Ai que vontade de tomar sorvete de mangaba…
Bom demais né? 🙂