Saberes e sabores da agroecologia brasileira no IV ENA

Após 4 dias de muita energia, boas vibrações e lindos encontros venho escrever a vocês, leitores do blog da Jaca Verde Panc, um pouco sobre o IV ENA (Encontro Nacional de Agroecologia) que aconteceu na última semana aqui em Belo Horizonte.

O ENA é um encontro promovido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) desde o ano 2000, e chegou a sua 4ª edição com o objetivo de ser “ um momento de aproximar os povos do campo, das florestas e das águas de quem vive nas cidades, rompendo os muros.” segundo as palavras da Associação e com o lema “Democracia e agroecologia unindo o campo e a cidade”, que se conecta muito com a situação atual de ameaça à democracia que vivemos em nosso país, momento muito oportuno para o encontro de iniciativas do bem, que lutam por um Brasil mais justo, saudável e diverso. Durante 4 dias, Belo Horizonte recebeu mais de 2000 delegados de diversas caravanas vindas de todos os Estados do Brasil (algumas demoraram TRÊS dias de ônibus para chegar em BH!), principalmente formadas por agricultores, para debater vários temas que norteiam a agroecologia em seminários: soberania e segurança alimentar, democracia, construção de mercados, mobilização das juventudes, combate aos agrotóxicos, promoção da agrobiodiversidade, etc, e participar de plenárias e vivências agroecológicas.

Juntamente a essas atividades aconteceu a incrível Feira de Saberes e Sabores, na qual participaram pessoas e organizações de todos os estados do Brasil com variados produtos da sociobiodiversidade brasileira em mais de 90 barracas! Foi um momento lindo de conhecimento e aproximação da cidade com o campo, onde milhares de pessoas que passaram pelo Parque Municipal puderam descobrir diversos saberes de povos e comunidades tradicionais e provar de alimentos vindos de todo canto do Brasil.

O evento foi finalizado no domingo com um espetacular banquete público feito a muitas mãos, com ingredientes agroecológicos doados por agricultores de todo o Brasil, e que refletiu um pouco da maravilhosa diversidade alimentar que temos em nosso país.

A Jaca Verde Panc também teve uma ponta de participação no evento (construído por muitas mãos), com a caminhada PANC no parque, onde pudemos demonstrar ao grupo de mais ou menos 30 pessoas, cerca de 40 espécies de plantas de uso alimentício e/ou medicinal presentes no local. Também ajudamos na oficina promovida pelo Slow Food, após a mostra de filmes relacionados a Agroecologia, na qual as pessoas puderam sentir várias experiências sobre a biodiversidade através do toque, aromas e paladares de produtos vindos de comunidades tradicionais do alimento.

Algumas imagens da caminhada PANC que aconteceu no Parque Municipal enquanto atividade do IV ENA

Mapa que mostra algumas das Fortalezas do alimento presentes no Brasil: umbu, pequi, pinhão, Cambuci, macaúba, licuri, guaraná dos Maués…

Jabuticaba em calda, compota de cajuí, castanha de licuri, geleia de maracujá da caatinga, raspas e doce de buriti, castanhas de cacau: alguns dos produtos da nossa biodiversidade que os participantes da oficina feita junto com o Slow Food puderam provar

Experiência sensorial com ingredientes brasileiros

Abaixo mostramos um pouco do que pôde ser visto durante esses quatro dias para que vocês tenham ideia da riqueza que foi o IV ENA e da presença que a agroecologia tem no nosso território.

Algumas das bandeiras da agroecologia: feminismo, causa indígena e quilombola, reforma agrária…

Indígenas da etnia Karo Arara de Rondônia falando sobre a sua incrível alimentação tradicional sem veneno no seminário sobre Segurança e Soberania Alimentar

Teve também troca de mudas e sementes crioulas

Algumas das mensagens vistas pela feira e que traduzem um pouco do que é agroecologia

Licores de frutos nativos: cambuí e murta de Exu, Pernambuco, e de poejo, umbu, jamelão e jatobá da Bahia; bebida tradicional do Mato Grosso, o Kanjinjin, feito por quilombolas

Farinhas diversas: pupunha (da Bahia), de pinhão (da zona da mata mineira), de indaiá, baru e jatobá (da comunidade quilombola Kalunga de Goiás), de batata doce, crueira e inhame (do Maranhão)

Óleos diversos de uso alimentício e cosmético: patauá, tucumã, butiti, açaí, copaíba e andiroba (do Acre); de murumuru e tucumã (do Amazonas); de babaçu (do Tocantins); de indaiá (dos Kalunga de Goiás); de macaúba e babaçu (do Distrito Federal).